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sábado, maio 25, 2019

#CaravanaLulaLivre traz Haddad ao Pará e mostra força das universidades contra Bolsonaro

Fernando Haddad e a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, no ato em defesa da Educação superior na Amazônia, realizado na UFOPA, na manhã desta sexta-feira, 24. Foto: Ricardo Stuckert.

Por Diógenes Brandão

A passagem do ex-ministro da Educação e candidato do PT à presidência do Brasil, em 2018, o paulista Fernando Haddad pelo Pará foi marcante para a comunidade universitária da UFPA, que lotou a área do 'Vadião', onde uma programação reuniu milhares de simpatizantes, em sua maioria formada por estudantes e professores. 

No palco, uma mistura dos velhos com novos dirigentes da esquerda paraense. Na platéia, rostos novos e de uma militância que muito já lutou, mas continua esperançosa por um país diferente do que está sendo governado por Jair Bolsonaro.


Vindo de Santarém  - com a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann - onde participou de um ato político nas dependências da UFOPA, Haddad iniciou seu discurso dizendo que a UFPA está entre as melhores universidades do mundo, seja pela diversidade ou por ter uma produção científica com 70% dela coordenada por mulheres. Lembrou que Lula foi responsável pela criação da UFOPA - Universidade Federal do Oeste do Pará e da UNIFESSPA -  Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará e disse que Bolsonaro mexeu com uma das áreas mais sensível do imaginário popular que é a educação.


Além da fala rápida e objetiva de Haddad, um dos pontos altos do evento, foi a apresentação da artista paraense Alba Maria, que emocionou o público presente à beira do rio Guamá, interpretando grande clássicos da MPB, como 'Pra não dizer que não falei das flores', de Geraldo Vandré; 'Apesar de você', de Chico Buarque, entre outras belas canções que embalaram a luta contra a ditadura militar e pela redemocratização brasileira.


Além da presença de parlamentares e lideranças de movimentos sociais ligados ao PT, Haddad reuniu lideranças do PDT, PCdoB e do PSOL. Um barco todo decorado de bandeiras vermelhas, com frases de #LulaLivre, chamou a atenção para a pauta prioritária do PT.  

A visita de Haddad ao Pará faz parte dos preparativos para os atos em defesa da Educação, previstos para o próximo dia 30 deste mês, que fortalece a Greve Geral programada para o dia 14 de julho, podendo ser uma paralisação sem precedentes na história do país. 



Duas importantes entidades da UFPA jogaram peso para o sucesso do evento. São elas: o DCE - Diretório Central dos Estudantes, representado pelo Coordenador Geral, Davi Lima e o SINDPROIFES-PA - Sindicato dos Professores das Instituições de Ensino Superior do Pará, representado pela professora e pedagoga, Socorro Coelho.

Uma transmissão ao vivo pelo Facebook, que já conta com mais de 48 mil visualizações, permite que pessoas que não estavam no local, possam assistir ao evento pela internet. 


quinta-feira, outubro 25, 2018

Linha de tiro: O que podemos esperar desta reta final da campanha eleitoral?



Há 3 dias de sabermos quem será  o novo presidente da República e governador do Pará, a pergunta que se faz por aí é a seguinte: teremos mudanças reais? 

Ou tudo irá piorar? 

Nenhuma coisa, nem outra?  

Como estão os preparativos dos candidatos? 

E como andam as redes sociais, onde amizades continuam caindo no ralo e paixões cada vez mais exacerbadas entre partidários dos candidatos?  

Os analistas do programa "Linha de Tiro", os professores da UFPA Elson Monteiro, historiador, e Alexandre Cunha, sob mediação do jornalistas Carlos Mendes, estarão ao vivo no bate-papo de 20H00 às 21H00 desta quinta-feira.  

Você pode também participar e dar sua opinião. 

Os links do programa são os seguintes:  




Em discurso da virada, Haddad diz que quer Bolsonaro vivo e com saúde


Altman: a virada é possível?


Jovem da UJS é agredido quando participava de atividade pró-Haddad em Ananindeua-PA

O clima de acirramento político e ódio aumenta e gera cada vez mais vítimas, inclusive no Pará.

Por Diógenes Brandão

Na noite desta quarta-feira, 24, um grupo de jovens militantes pró-Haddad ao participarem de um bandeiraço com panfletagem, na praça da Bíblia, no conjunto Cidade Nova II, em Ananindeua, cidade da região metropolitana de Belém, foram surpreendidos por ofensas proferidas por três homens, que desceram do carro e sem nada falar passaram a agredir o jovem Bruno, com socos e pontapés.

Um ataque violento e covarde 

Não satisfeitos com as ofensas proferidas de dentro do veículo, os supostos agressores desceram do carro e partiram para cima do grupo. No meio de diversas mulheres, escolheram um jovem chamado Bruno Martins, líder da UJS, que sofreu agressão física. 

Testemunhas que estavam na atividade de campanha Haddad Presidente, confirmaram ao blog as agressões a Bruno e correram para acudi-lo e nesse momento os agressores recuaram de volta para o veículo que estavam, e por medo, diante da desvantagem numérica do grupo da campanha.

Nesse momento, uma viatura da ROTAM chega ao local, dá voz de prisão ao agredido, algema-o e confina-o dentro do camburão, mas, o mais estranho é que um dos policiais ordenou que os agressores o seguissem em seu próprio veículo, enquanto o agredido foi colocado no porta-malas da viatura da PM.

Para Bruno, pelo que se ouviu dos agressores, eles são apoiadores de Jair Bolsonaro. Bruno prestou depoimento na Seccional da Cidade Nova, onde foi acompanhado pelo advogado Jorge Farias.

O blog está em busca de maiores e detalhes sobre esse caso.

segunda-feira, outubro 22, 2018

Qual o menos pior: Márcio Miranda ou Helder Barbalho? E quem tá com Bolsonaro ou Haddad?

Eleitores de Márcio Miranda e Helder Barbalho misturam a campanha presidencial e usam o nome dos seus candidatos para influenciar as eleições no Pará.

Por Diógenes Brandão    

O vídeo de Frank Bolsonaro, administrador da fanpage Família Bolsonaro Pará está sendo usado por petistas ligados a campanha de Helder Barbalho (MDB), como um recurso retórico contra a candidatura de Márcio Miranda.

No vídeo gravado ao vivo na noite deste último sábado, 20, na Av. Doca de Souza Franco, durante uma manifestação das militâncias dos candidatos que disputam as eleições para o governo do Estado, Frank Bolsonaro afirma que Eder Mauro é Helder Barbalho e diz que Helder Barbalho é PT.

Assista o vídeo:



Diante disso, muitos petistas acabaram vestindo a carapuça e assumindo a campanha do MDB, chamado de partido golpista pela esquerda como um todo.  

Historicamente, o DEM, partido de Márcio Miranda é aliado do PSDB, o qual foi durante mais de 30 anos, o principal adversário do PT. 

Foi do presidente nacional do então PFL, hoje DEM, a frase que aumentou o antagonismo da esquerda contra o partido de Márcio Miranda: "Desencantado? Pelo contrário. Estou é encantado, porque estaremos livres dessa raça pelos próximos trinta anos", disse Jorge Bornhausen referindo-se ao governo do PT, numa palestra em que lhe perguntaram se não estava desencantado com a situação política do país, em Agosto de 2005.  

Passados 13 anos, alguns petistas ainda usam esse rancor pelo DEM para justificar sua decisão de votar contra Márcio Miranda e fazerem campanha para Helder Barbalho.  No entanto, segundo fontes do blog AS FALAS DA PÓLIS, a chamada "banda boa" do PT não aceitou fazer parte do acordo político feito logo após o fim do primeiro turno, quando Paulo Rocha (PT) foi derrotado, como já era previsto e a cúpula da "banda podre do PT", reuniu-se e declarou apoio unilateral à campanha dos Barbalho. 

A militância não seguiu a determinação da direção partidária e o PT segue rachado, com petistas fazendo campanha para os dois candidatos: Helder Barbalho e Márcio Miranda.  No entanto, o vídeo de Frank Bolsonaro tem sido usado por petistas pró-Helder Barbalho, em grupos da esquerda paraense, para forçar o entendimento de que a manifestação de apoio de eleitores de Bolsonaro a Márcio Miranda, seria a razão para que toda a esquerda vote em Helder Barbalho. 

Confesso que demorei a acreditar que tanta gente inteligente esteja sendo tapeada por mais essa narrativa torpe e sem a menor condição de ser crível.

Soma-se à essa narrativa, a ideia de que Márcio Miranda foi indicado por Simão Jatene (PSDB) declarado como inimigo histórico do PT e de toda a esquerda paraense. 

No entanto, um atento observador petista, me lembrou de que no primeiro turno, o PSDB de Simão Jatene fez campanha e jogou peso em Geraldo Alckmin, o seu candidato a presidente. 

Já o MDB, fez campanha aberta a Jair Bolsonaro, ao invés de Meireles, candidato oficial do partido. 

Os números confirmam a tese do militante que integra a "banda boa do PT".  

Tem mais, para grande parte dos petistas paraenses, pouco importa de que lado esteja o Gordo do Aurá e muito menos se o João Salame (PP) foi preso por corrupção. Eles querem eleger Haddad e ponto final.  

Como nenhum dos dois candidatos ao governo do Estado declarou apoio aos candidatos a presidente do Brasil, qualquer ilação de que Márcio Miranda é Haddad ou Bolsonaro, assim como Helder Barbalho é Bolsonaro ou Haddad é pura falácia de militantes ou pessoas mal intencionadas. 

As paixões se afloram e o erro da esquerda (PT e PCdoB) em decretar apoio a Helder Barbalho, ao invés de deixar com que a militância escolhesse livremente seu candidato ao governo e focasse na campanha presidencial, tem levado Bolsonaro a crescer de forma avassaladora no Pará.

Segundo a última pesquisa DOXA, publicada neste domingo (21), Bolsonaro continua liderando as intensões de votos, com uma diferença de 9,4% sobre Fernando Haddad. Veja o gráfico:

Pesquisa DOXA foi realizada com  1.896 eleitores, entre os dias 10 e 13 de Outubro, em todas as mesorregiões do Estado, com o nível de confiança de 95% e Margem de erro de 2,25. Registro Eleitoral nº PA-07843/2018. 

O PSOL não assume publicamente, mas sua militância está orientada a votar contra Márcio Miranda e em Haddad para presidente, mesmo depois do partido ter feito duras críticas aos governos do PT e do MDB, tanto a nível estadual, quanto nacional, chamando-o de golpista e de ser inimigo número 1 da classe trabalhadora. 

No entanto, a maioria da militância psolista também não aceita votar em qualquer integrante da família Barbalho, optando, portanto, pelo voto nulo.  

Mas nos últimos dias, o blog tem conversado com muitas lideranças e formadores de opinião da esquerda paraense e a maioria destaca que se for para escolher o menos pior, Márcio Miranda seria a melhor opção. Por que? Indaguei durante todo o final de semana.

Avaliando todas as consultas e conversas feitas com a militância e lideranças da esquerda paraense, os motivos para votar em Márcio Miranda ao invés de Helder Barbalho seriam quatro. São eles:  

1) Márcio Miranda é um bom sujeito, sem nada que abale sua índole. Como político, Márcio Miranda sempre agiu de forma ética, democrática e sempre buscando o equilíbrio das forças políticas de dentro e fora da ALEPA, coordenando reuniões e conversas entre o governo e a oposição, para chegar no bom senso e nas melhores condições, nas mesas de negociação, seja com sindicalistas, prefeitos, segmentos do setor produtivo e movimentos sociais.  

2) Márcio Miranda sempre respeitou as minorias, acatando propostas e bons nomes nas negociações para composição de mesas diretoras e comissões estratégicas no parlamento estadual, onde foi eleito e reeleito por mais duas vezes consecutivas, todas com o voto unânime dos deputados, de todos os partidos paraenses, inclusive deputados do PT, PCdoB e do MDB, hoje seu principal rival. Algo inédito e surpreendente. 

3) Na comparação entre o menos pior, entre os nomes de Márcio Miranda e Helder Barbalho, este último é uma ameaça maior à esquerda, já que sua família possui um império de comunicação, que através dos seus telejornais, programas de rádio e do jornal Diário do Pará influencia milhões de paraenses contra seus adversários. 

Imagine uma greve do SINTEPP - Sindicato dos Professores do Estado do Pará - onde por algum motivo haja o uso de força policial contra os manifestantes grevistas. 

Como os veículos de comunicação da família do governador iriam se manifestar? 

Iriam tratar os manifestantes com isenção e respeito, ou chamá-los de esquerdistas/petistas vagabundos, tal como faz todos os dias, apresentadores e funcionários das empresas da família Barbalho, como Joaquim Campos (MDB), vereador e candidato a deputado federal novamente derrotado nas urnas por sua truculência e carta branca para difundir opiniões contrárias à esquerda, semeando ódio e até ideias para acabar com ela?  

4) Independente de quem seja o presidente eleito, a família Barbalho será da base aliada e continuará forte e com grande poder para indicar seus membros para ministérios e autarquias, como a SUDAM, pois quem entende minimamente de política partidária, sabe que o MDB, com seu tamanho no Congresso Nacional, sua importância para aprovação de projetos e da necessária governabilidade ao futuro presidente, continuarão a oferecer sua fatia no poder central, mantendo  ou até ampliando o poder da família mais rica da política paraense, que já possui a maioria dos prefeitos, deputados e vereadores eleitos no Pará. 

Imagine com todo esse poder, nas eleições de 2020.

Imagine!

segunda-feira, outubro 15, 2018

PT troca campanha de Haddad pela de Helder Barbalho

Desde 2014, a direção do PT-PA vestiu a camisa do PMDB e de lá pra cá, prioriza a campanha de Helder Barbalho ao governo do Estado do Pará.

Por Diógenes Brandão

A campanha de Fernando Haddad praticamente inexiste no único estado da região norte, onde o candidato do PT foi mais votado no primeiro turno. 

Apesar do apoio do povo paraense recebido nas urnas, a coordenação da campanha de Haddad hoje dedica-se a fazer a campanha do candidato do MDB ao governo do Estado, após assumirem a tarefa de eleger o filho de Helder Barbalho, como tentaram nas eleições de 2014. 

A falta de atividades e material de campanha, tem frustrados milhares de simpatizantes e eleitores de Fernando Haddad, que reclamam nas redes sociais e através delas fazem o que podem para evitar a eleição de Jair Bolsonaro, que supreendentemente, cresceu logo após o segundo turno e do anúncio de que o PT faria campanha para Helder Barbalho (MDB). Jair Bolsonaro descartou a possibilidade de declarar apoio aos candidatos que disputam o cargo de governador nos Estados, e aqui no Pará, Helder Barbalho e Márcio Miranda, que disputam o segundo turno, também não declararam apoio a nenhum candidato a presidente do Brasil.

Haddad, que esteve em Belém uma única vez nessas eleições, no dia 28 de Setembro, disse que conheceu o Pará já como ministro de Lula, inaugurando universidades. De lá prá cá, os interessados em votar no petista adotam seus próprios métodos para fazerem sua campanha, já que praticamente não se vê manifestações de rua, não há distribuição de materiais e nem caminhadas pelos bairros e municípios, como sempre o PT fez em suas campanhas. 

Já na de Helder, a direção do PT se jogou de corpo e alma, mas a militância e simpatizantes não. Sabendo disso, os parlamentares e lideranças petistas não estão assumindo o acordo feito pela executiva estadual do partido e não assumem a campanha de Helder nas suas redes sociais. 

"Só nos últimos 10 dias é que vamos receber uma ajuda para ir pra ruas e mostrar a cara", confessou uma militante, que em toda eleição recebe uma ajuda de custo para balançar bandeiras em comícios, feiras e sinais, além de participar de caminhadas.

Para um professor universitário que vai votar em Haddad, "esse tipo de militantes foi o que deixou o PT transfigurado e em contradição, perdendo apoio de setores importantes na sociedade". Segundo ele, que prefere não dizer seu nome, "os burocratas tornaram-se tão pragmáticos, que pouco importa de onde vem o dinheiro, o importante é ter a estrutura necessária para tocar a campanha e eleger o projeto político que favoreça a população, sobretudo os mais pobres", conclui.

domingo, outubro 14, 2018

Bolsonaro abre 10% sobre Haddad, Márcio Miranda cresce e Helder Barbalho estabiliza, aponta DOXA

Mesmo mantendo a liderança na disputa do segundo turno, Helder Barbalho teve uma leve queda, enquanto Márcio Miranda cresceu significativamente, aponta o mais novo estudo eleitoral do Instituto DOXA de Pesquisas.

Por Diógenes Brandão, com informações da DOXA Pesquisas

A divulgação da mais nova pesquisa do Instituto DOXA realizada após o resultado eleitoral do primeiro turno, mostra que Márcio Miranda cresceu 9,3 pontos percentuais, em relação ao resultado das urnas, enquanto Helder Barbalho teve uma queda de 0,89%, em relação ao mesmo resultado eleitoral do primeiro turno.

Quando estimulados, os eleitores entrevistados continuam apontando Helder Barbalho na liderança, mas a diferença para Márcio Miranda continua diminuindo a cada pesquisa. Neste momento, faltando duas semanas para o segundo turno, a diferença entre os dois candidatos é de 7.4% 

Helder Barbalho (MDB) obteve 46,8% das intenções de voto; Márcio Miranda (DEM) ficou com 39,4%. Indecisos somam 6,6%; e os que pretendem votar branco ou anular o voto são 7,2%. 


Já na disputa presidencial, Jair Bolsonaro (PSL) abriu uma diferença de quase 10% sobre seu adversário, Fernando Haddad (PT). 

Na pesquisa estimulada, Jair Bolsonaro (PSL) está com 47,8% e Fernando Haddad ficou com 37,7%. Indecisos são 4,9% e os que pretendem anular ou votar em branco somam 9,5%.

Comparando com o resultado eleitoral do primeiro turno, quando Fernando Haddad teve 41,39% e Bolsonaro 36,19% dos votos válidos, a pesquisa DOXA revela uma virada surpreendente no Estado do Pará.

A pesquisa foi registrada no TRE-PA sob o protocolo PA-07843/2018  e foi realizada no período de 10 a 13 de outubro com 1.896 eleitores, entrevistados nas seis (6) mesorregiões do Estado.  

O nível de confiança utilizado é de 95% e a margem de erro estimada de 2,25% para mais ou para menos.  A pesquisa foi encomendada GRAVASOM/A Província do Pará.

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sábado, outubro 13, 2018

Fake News ou racismo e intolerância religiosa: O que aconteceu no Ziggy Hostel Club?

Bastante ferido, Nilberto tem fotos provavelmente em uma maca hospitalar, logo após o que ele chamou de linchamento por intolerância religiosa e política, além de racismo. A casa noturna alega que foi Fake News e o acusa de tentativa de furto.

Por Diógenes Brandão

Na tarde deste sábado (13) o blog recebeu um vídeo onde o cidadão paraense Nilberto Gonçalves relata ter sido agredido por quatro homens, em frente a uma casa de shows chamada Ziggy Hostel Club.

O blog AS FALAS DA PÓLIS entrou em campo e apurou que a vítima é professor de Geografia da rede pública estadual de ensino e da rede pública de ensino de Belém, além de ser estudante da pós-graduação da mesma disciplina, na UFPA.

Assista o relato dele e voltamos em seguida:


Após a circulação do vídeo acima, a fanpage do estabelecimento citado pelo jovem, publicou uma outra versão para o fato e chamou o relato de Nilberto Gonçalves, como sendo uma Fake News.

Assista:




Em meio à polêmica criada pelas duas versões, fica uma dúvida apresentada por um internauta nos comentário da própria publicação da página do Ziggy Hostel Club: O rapaz que aparece deitado e ensanguentado, provavelmente em uma maca hospitalar, com a mesma camisa que aparece no seu vídeo, não tem a mesma camisa do homem que aparece no vídeo, em que supostamente ele é gravado dentro e fora da casa de shows.


Diante disso, pergunto: Qual a verdade nestas duas versões de um mesmo fato?

quinta-feira, outubro 11, 2018

PT decide apoiar Helder Barbalho, mas militância lembra do golpe e reage

Helder Barbalho mantém PT aliado do projeto do MDB no Pará, mas militância reage e ameaça não fazer campanha.

Por Diógenes Brandão

A decisão tomada pela executiva estadual do PT-PA, nesta quinta-feira (11), deixou a sociedade paraense sem entender os motivos que levaram o partido a declarar apoio a Helder Barbalho, neste segundo turno das eleições para o governo do Estado.

Representantes dos grupos de Paulo Rocha, Beto Faro, Dilvanda Faro e Carlos Bordalo, já chegaram com posição definida: Apoiar Helder Barbalho

Já o grupo de Zé Geraldo, Airton Faleiro e Dirceu Ten Caten confirmaram o que o blog AS FALAS DA PÓLIS anunciou na madrugada de hoje: Fecharam posição em apoio a Márcio Miranda para governador. 

Só o grupo liderado pelo ex-deputado federal Cláudio Puty defendeu que a estratégia prioritária para este segundo turno deveria ser a reunião de forças para eleger Fernando Haddad e que qualquer candidato que quisesse o apoio do PT, deveria igualmente declarar o apoio ao candidato a presidente do partido. 

Para tal, o grupo defendida a criação de uma ampla frente multi-partidária para conseguir juntar a maioria das forças políticas e barrar a ameaça fascista representada na candidatura de Jair Bolsonaro.

No entanto, por maioria simples, a reunião da executiva estadual do PT aprovou a posição de apoio a Helder Barbalho e soltou uma nota justificando a decisão. 

Nela, o PT diz que em 2003, durante o primeiro ano do segundo mandato de Lula como presidente, deu-se início a um projeto que representa uma política de destruição do ideário de nação, de liquidação dos direitos sociais e econômicos da grande maioria da população, de mutilação da soberania do Brasil, e de incentivo do ódio e da intolerância como método de disputa política. Confuso, né? Mas é isso que você pode ler abaixo, na fanpage do partido: 


Militância não foi ouvida e reagiu contrária à aliança com o MDB

O anúncio da decisão deixou a maioria da militância confusa e quem não é petista ficou sem entender o que leva o PT a manter-se aliado aos representantes de Michel Temer no Pará, já que o PT e a esquerda como um todo, desenvolveram a narrativa de que sofreram um golpe orquestrado pelo MDB, que tomou o poder após um impeachment forjado.

Através de métricas e análise de sentimento nas redes sociais é possível identificar diversas manifestações de filiados e simpatizantes do PT, se colocando contrários à decisão dos dirigentes do partido e ameaçando ignorar o acordo eleitoral feito com o MDB, o que pode fazer com que só seja cumprido pelos que participaram das negociações, enquanto a maioria dos votos entregues aos candidatos do PT, no primeiro turno, até agora tem rumo desconhecido, neste segundo turno das eleições para o governo do Estado.

E o Haddad?

Preocupados que a decisão adotada pelos membros da executiva do PT não contamine a campanha do presidenciável, um grupo de militantes e simpatizantes da candidatura de Fernando Haddad criaram um grupo no Whatsapp, com o intuito de discutir estratégias para ajudar e priorizar a campanha presidencial, ao invés de priorizar a campanha de Helder Barbalho ou de Márcio Miranda.

O mais votado do PT declara apoio a Márcio Miranda (DEM)

Dirceu Ten Caten faz parte de uma nova safra de políticos petistas, que dialogam com amplos setores da sociedade e seus mais variados partidos. Ele foi o mais votado entre os deputados estaduais que o PT elegeu no Pará.

Por Diógenes Brandão

Dirceu Ten Caten, o deputado estadual mais votado pelo PT no Pará, assumiu que apoia Márcio Miranda (DEM), que disputa o segundo turno com Helder Barbalho, do MDB. 

Para um dirigente estadual do PT, a escolha abre um debate interno caloroso e que o partido protelou até aqui. 

"Estamos diante de uma eleição em que o PT não pode dar-se ao luxo de ser egoísta e mesquinho. O DEM sempre foi um aliado do PSDB, sabidamente o nosso principal adversário em muitos anos de luta política no Brasil, mas aqui no Pará, o Márcio Miranda se revelou um dos melhores líderes políticos do Estado, se distanciando de posturas adotadas pelas velhas raposas da política paraense, conseguiu apoio para se eleger e se reeleger duas vezes como presidente da ALEPA, liderando todos os deputados, com respeito, democracia e apoio irrestrito em todas as demandas a ele confiadas. 

Precisamos deixar de olhar pelo retrovisor e entender que a sociedade não nos quer mais defendendo partidos e sim boas práticas e todos os partidos possuem bons e maus políticos, inclusive o PT. Por que no DEM não pode haver aliados e bons nomes para apoiarmos?", perguntou o petista que assim como Dirceu, faz parte de uma nova safra de dirigentes do PT paraense, os quais apostam que seja importante abrir canais de diálogo com partidos distintos, inclusive aqueles que podem ajudar o PT a eleger Fernando Haddad, ao invés de Jair Bolsonaro

O dirigente petista que nos informou sobre o clima político dentro do PT, preferiu não ter seu nome revelado, pois segundo ele, isso causaria certo desconforto dentro da direção partidária, pelo fato de que o PT Pará ainda não reuniu seu diretório para fechar posição, neste segundo turno. 

Dirceu é filho da ex-deputada Bernadete Ten Caten e Luiz Carlos, duas fortes lideranças do PT paraense e pelo apurado com a nossa fonte, eles certamente arrastarão outros petistas para a campanha que rivaliza com o candidato do partido que impulsionou o golpe contra a ex-presidente Dilma e foi um dos principais ministros do presidente Michel Temer, quem o PT sempre não esquece de ser o maior golpista e traidor do país.

Além de Dirceu, o PT reelegeu Carlos Bordalo, com 49.854 votos e elegeu pela primeira vez, Dilvanda Faro, que obteve 43.796 votos. Dilvanda é esposa de Beto Faro, deputado federal também reeleito no último domingo.

Beto, Dilvanda e Bordalo integram o mesmo grupo interno no PT, mas Bordalo tem mais afinidade com Márcio Miranda, enquanto Beto e Dilvanda sempre foram muito próximos a Helder Barbalho, no entanto, nenhum dos três se manifestou sobre qual candidato apoiarão para o governo, no segundo turno, aqui no Estado do Pará.

Nos debates internos do PT, a opção de liberar a militância para que ela vote em quem bem entender, é muito maior do que a perigosa tese de que o partido precisa fechar apoio em um dos candidatos na disputa pelo governo do Estado.

Para a maioria dos militantes que se manifestam nas redes sociais, a prioridade agora é eleger Fernando Haddad presidente, contra Bolsonaro. Mas o côro de que petista não vota em golpista, anda crescendo entre diversos grupos internos, que não engoliram o golpe que sofreram do MDB.

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terça-feira, setembro 25, 2018

Um breve resumo da complexidade eleitoral no Pará. Quem entra e quem sai após TSE julgar os méritos?

Segundo todos os institutos de pesquisa, Helder Barbalho e Márcio Miranda lideram a disputa no Pará.

Por Diógenes Brandão

Faltando 12 dias para o 1º turno das eleições gerais, o eleitor paraense ainda não teve a oportunidade de assistir um único debate entre os candidatos ao cargo de governador e os cinco que disputam este pleito e para piorar tem quem esteja evitando entrevistas em programas promovidos por emissoras de rádio e TV. 

Afinal de contas, o que está acontecendo com estas eleições, que já foram encurtas de três para um mês e meio e ainda assim, não vemos a menor empolgação das emissoras e veículos de comunicação do Estado em promover eventos que apresentem os candidatos e sua propostas. Assim, os eleitores paraenses seguem apáticos, sem exibir bandeiras, cartazes ou demonstração de apoio aos seus candidatos como de outrora.

Um dos exemplos desta apatia é a baixa disputa de cores neste processo eleitoral. Com o vermelho do PT/PCdoB retraído pela falta de estrutura financeira, o azul do MDB e o amarelo do DEM acabam configurando-se predominantes nesta eleições.

Com a agitação comparada à água de poço, a militância dos candidatos ao governo do Estado, principalmente de Helder Barbalho (MDB) e Márcio Miranda (DEM) acaba rivalizando mesmo é nas redes sociais, onde também se encontram em disputa os militantes de Jair Bolsonaro, Fernando Haddad, Ciro Gomes e Marina Silva, os mais bem posicionados e com a maioria dos ativistas em debate na internet como um todo.

Com isso, a confusão aumenta e todos agem como se estivessem em uma disputa de som automotivo em pleno domingo das férias de Julho, na praia do Atalaia, onde cada motorista abre sua mala de som ou liga sua carretinha e disputa quem berra mais alto.

O eleitor, atônito, tenta entender quem é ficha limpa e quem não está na lava jato, mas por mais que diga que não quer mais a corrupção, muitos acabam esperando por algum benefício para si próprio até o dia das eleições, pois como se diz: Não se pode votar em qualquer um de graça. Ou seja, as pessoas precisam ganhar alguma coisa. 

Sabendo disso, muitos candidatos seguram dinheiro e tentam novamente driblar a justiça eleitoral, que agora julga se os advogados das coligações merecem ou não terem seus pleitos atendidos. A guerra jurídica ainda vai deixar muita gente ainda mais rica. 

Na polarização da disputa ao governo, de um lado, o ex-ministro de Dilma Rousseff e Michel Temer​, o jovem Helder Barbalho​, 39 anos, mas para quem conhece a política local sabe que ele não tem nada de novo, pois representa uma família que somados os anos de mandatos dos que estão vivos (Jader, Helder, Elcione, Priante, etc.) passam de 120 anos de exercício profissional exclusivamente na política. Sem falar do pai de Jader, Joércio Barbalho, que Deus o tenha. 

O desgaste do sobrenome Barbalho tem sido o grande entrave de Helder, que mesmo citado em denúncias e delações de réus, na Lava Jato, tem se mantido na liderança das pesquisas  eleitorais até aqui divulgadas, embora ainda não tenha garantia de que pode liquidar as eleições no 1º turno, tal como sua mãe, a deputada federal Elcione Barbalho falou que era necessário, pois sabe que sem isso, as dificuldades aumentam para a família chegar novamente ao governo do Estado.

Do outro lado, Márcio Miranda, médico que queria ser candidato ao senado, mas foi escolhido pelos seus pares na ALEPA para ser o sucessor de Jatene e encarrou o desafio de ser candidato apoiado por ele, o que o tornou persona non grata dos Barbalho, dos deputados do MDB e demais partidos que estão na coligação de Helder e que antes o elegeram por três vezes consecutiva como seu líder.

Se antes o elogiavam e nele votaram por duas vezes consecutivas para ser reeleito presidente da Assembleia Legislativa do Pará, agora, Márcio é acusado de diversos crimes através de uma sofisticada estrutura de comunicação, que produz vídeos publicitários atacando o candidato que teve recentemente um processo movido contra ele por uma suposta manobra em sua entrada na reserva da PM, após ser eleito pela 1ª vez deputado estadual. 

Helder também tem vídeos publicados contra si e sua família em uma linha paralela ao que a lei permite exibir na TV. 

Portanto, fica óbvio concluir que operadores e aliados das campanhas em disputa produzem material de ataque aos adversários e de defesa dos seus candidatos, que são jogados diariamente nas redes sociais através de "laranjas" e "formiguinhas" digitais, que se encarregam de compartilhar esse tipo de material sem assinatura, enchendo nossos aparelhos celulares de matéria apócrifo.

Mas assim como o fantasma da Moça do Taxy, a prática de espalhar fake news já virou lenda e faz parte do folclore paraense, décadas antes do termo ter virado moda no mundo político e da comunicação.

Por não ser tucano, há quem diga que Márcio Miranda cresce em todas as pesquisas com um ritmo que poderia ser melhor, se não fosse o corpo mole de parte do PSDB, mas é óbvio que o candidato tem grande parte de sua campanha ligada aos tucanos, que estão há quase 20 anos no poder no Estado e que isso é usado como fator negativo para sua campanha.

Acusações de ser ficha suja, foram retiradas do ar por ordem da justiça eleitoral, após serem consideradas ilegais e sem fundamento. 

Para ambos os candidatos, a dificuldade de crescer e não aumentar a rejeição é aliviada pela falta de impulsionamento dos demais concorrente, que estão fazendo campanha da forma mais limitada possível, tanto de recursos humanos, quanto materiais. 

O futuro do Pará a Deus pertence, mas a decisão sobre quem vai ficar na disputa pelas duas vagas ao senado poderá ser decidida nas próximas horas pelo STF, que após ser acessado pelos advogados de Mário Couto, através da decisão monocrática do ministro Edson Fachin, acabou de negar o recurso do mesmo e manteve a decisão do TRE-PA de mantê-lo sem o tempo de TV e sem o nome na urna eletrônica

No entanto, o candidato que aparece liderando as pesquisas eleitorais ao senado, tem destacado-se em sua campanha nas redes sociais e no dia-a-dia, seja nas ruas da região metropolitana de Belém, como em suas andanças pelo interior do Pará.

O recursos que a defesa de Mário Couto impetrou no TSE, visam a revisão desta decisão de Fachin, mais que ainda vai ser avaliada pelo pleno do TSE, ou seja, pelos demais ministros que Fachin ainda não submeteu para apreciação do processo, mas negou o direito do ex-senador e assim manteve Jader Barbalho e Zequinha Marinho como os detentores do tempo e da vaga que Mário Couto, que acusou o PP de ter fraudado ata da convenção que homologou sua candidato, para dar aos Barbalho de mãos beijadas o tempo de propaganda no rádio e na TV.

Até amanhã e durante todos esses dias que antecedem o chamado dia D, muita água ainda estar por passar embaixo da ponte do Outeiro e quem agora ri, pode chorar mais tarde. 

quarta-feira, setembro 19, 2018

Pesquisa Presidente: No Pará, mesmo mais rejeitado Bolsonaro lidera, seguido de Haddad

Por Diógenes Brandão, com informações da DOXA Pesquisas

Divulgada a pesquisa DOXA para presidente.

Veja os números: 

 



FICHA TÉCNICA DO REGISTRO DA PESQUISA

Registrada no TRE-PA sob o protocolo PA-05803/2018, a nova pesquisa realizada pelo Instituto DOXA coletou as informações acima durante período de 12 a 15 de setembro com 1.896 eleitores, entrevistados nas 12 mesorregiões do Estado.     

O nível de confiança utilizado é de 95% e a margem de erro estimada de 2,25% para mais ou para menos. A pesquisa foi encomendada GRAVASOM/A Província do Pará.


Leia também: 


sexta-feira, fevereiro 09, 2018

Muito prazer, Luciana Temer

Por Diógenes Brandão 

Ela é professora de Direito Constitucional e dirige uma ONG que desenvolve um trabalho de combate e enfrentamento à exploração sexual de crianças e adolescentes no Brasil. Defende o pai, mas mostra o quanto são diferentes em diversos pontos e o considera conservador por natureza. Trabalhou com Haddad (PT) e Alckmin (PSDB), mas confessa que gosta e tem mais afinidade com o petista.

Pragmática ao falar de corrupção, ela se revela bem mais progressista que o pai ao dizer: "A polarização fica num nível tão raso de discussão: bons e maus, maniqueísta. “Eu sou bom, você é mau”. Eu sempre falo para os meus alunos dessa divisão de “nós” e “eles” – como se o Congresso Nacional fossem “eles”. Quem é o Congresso Nacional se não nós mesmos? Nós mesmos que somos cidadãos brasileiros, nós mesmos que elegemos. Eles só estão lá porque, nós, sociedade brasileira, que colocamos. Quer dizer, não existe “nós” e “eles”. Existem eles que são retrato do que somos nós."  

No entanto, quando ouviu o audio em que Joesley Batista havia combinado o suborno pelo silêncio de Eduardo Cunha com seu pai, Luciana Temer disse aos seus filhos: “olha, meninos, eu não ouvi esse áudio, ninguém ouviu esse áudio. Mas, eu vou dizer pra vocês, eu corto os meus dois braços se o seu avô falou uma coisa dessas. Eu conheço o seu avô há 50 anos, ele jamais, em tempo algum falaria uma frase dessas.”  


Defende a legalização do aborto, das drogas e a regulamentação da prostituição. Essa é Luciana Temer, revelada pela entrevista do Estadão e que o blog AS FALAS DA PÓLIS reproduz na íntegra.




Ela cresceu ouvindo o pai declamar Castro Alves. Dele diz que herdou a consciência moral e da mãe, a consciência cristã. E então foi construindo sua própria trajetória, hoje como professora de direitos constitucionais da PUC-SP e da Uninove, e presidindo o Instituto Liberta, criado pelo filantropo Elie Horn, de combate à exploração sexual de crianças e adolescentes.  

Antes, ela foi secretária de assistência social da prefeitura, na gestão de Fernando Haddad, a quem admira e se identifica. Ex-delegada de defesa da mulher, em Osasco, trabalhou também com Alckmin e tem Gabriel Chalita em alta conta.  

Defende a legalização do aborto, das drogas e a regulamentação da prostituição. Luciana Temer, 48 anos, a filha primogênita do presidente Michel, foge dos paradigmas óbvios do jogo fácil das polarizações políticas. Ela decidiu compartilhar um olhar mais íntimo sobre suas crenças e valores, nesta entrevista que se segue.

“Eu tenho duas irmãs, que são psicólogas. Nós somos três mulheres independentes, que trabalham, que a vida inteira ganharam o seu dinheiro e se sustentaram, e eu escutei do meu pai a vida inteira a seguinte instrução: “você tem que trabalhar e ganhar o seu dinheiro, porque a independência só existe quando você se sustenta. Você só é uma pessoa livre e independente quando paga as suas contas”.  

Aí eu me pergunto, onde está o machista dessa brincadeira do ‘recatada e do lar’? Porque a Marcela tem um outro perfil. É uma grande companheira dele, mesmo, de mais de doze anos, e que tem outro perfil, e que eu respeito perfeitamente. Agora, isso nunca foi imposto, nunca foi uma questão.  Aliás, eu acho que um dos problemas que hoje nós temos é não respeitar as escolhas dos outros, ainda que seja ser princesa. Se quiser ser princesa, deixa ser princesa. Hoje tem um patrulhamento ideológico; e se a mulher não quiser trabalhar e ficar em casa cuidando dos filhos, qual é o problema?”  

“Quem é o Congresso Nacional se não nós mesmos? Nós mesmos que somos cidadãos brasileiros, nós mesmos que elegemos. Eles só estão lá porque nós, sociedade brasileira, que colocamos. Quer dizer, não existe “nós” e “eles”. Existem eles que são retrato do que somos nós.”  

“Nós íamos daqui até Tietê – onde ficava a chácara da nossa família, –, ouvindo meu pai declamar ‘Navio Negreiro’ (Castro Alves) inteirinho. Uma coisa super tocante.”  

“A gente tinha uma regra em casa que era interessante. A gente estava conversando, mas se entrássemos em um elevador, e entrava mais alguém, todo mundo parava de conversar. Porque meu pai achava que em elevador não se conversava com outras pessoas. Essa coisa da reserva, ele dizia: ‘fale muito das coisas, pouco das pessoas e nada de você’.”  

“Palavrão por exemplo, pra ele é inadmissível. “Que saco” é palavrão. Você não ouve ele falando palavrão.”  

“Se você perguntar com quem eu tenho mais afinidade de trabalho, de pensamento, eu tenho muito mais afinidade com o Haddad. Eu tive muito mais liberdade de atuação. Não porque o Alckmin restringisse a minha liberdade de atuação, não é isso; mas eu tive muito mais afinidade, pude avançar mais no que acreditava com o Haddad.”  

“A gente tem bons debates, mas temos uma afinidade num pensamento mais liberal. Lógico, sobre determinados assuntos eu não penso como o meu pai que é de outra geração, suas posições não são as mesmas. Quando aparece um ministro como o Osmar Terra falando em internação e abstinência total dos viciados em drogas, de certa forma ele (o presidente) endossa. É uma linha mais tradicional.”  “Não acho que ele não tenha chamado mulheres (para compor a equipe ministerial) por exclusão. Não houve pré-disposição em não chamar. Por outro lado, não houve pré-disposição em buscar um nome. Parece bobo mas isso faz diferença.”  

“Eu não sei como eles casaram, pra começar! Porque são seres completamente diferentes. Minha mãe é uma pessoa que é um polo de atração, essa pessoa super generosa, super extrovertida. E meu pai é essa pessoa muito consistente, do ponto de vista intelectual, de formação; uma pessoa reservadíssima, de poucos amigos. Ele circula num universo enorme, mas amigos do meu pai eu conto nos dedos os que eu conheci na vida. Minha mãe é amiga do mundo.”  

“É muito triste, muito difícil você ver o nome do seu pai, que é uma pessoa que você conhece há 50 anos, jogado na lama. Quando saiu na Globo aquela primeira chamada dizendo que havia um áudio no qual meu pai dizia pra o Joesley para subornar o Cunha pra ficar calado, eu estava na rua, ouvindo o rádio.  Pensei comigo, essa frase não sairia da boca dele. Porque ele é essa pessoa contida, reservada. Ele jamais se exporia dessa forma para ninguém.  

E, afinal, quando saiu o áudio, essa frase não existia. A frase que aparece no áudio é: “Estou mantendo uma boa relação”. “Ah, você deve mesmo fazer isso”. Isto é meu pai. Ele está falando com você aqui, e às vezes ele está na lua e balançando a cabeça.”  

*Qual seria o inconsciente coletivo do brasileiro hoje, em sua opinião?  
Hoje, as pessoas estão se sentindo à vontade para fazer e dizer coisas, especialmente nas redes sociais, que traduzem o que elas não tinham coragem de dizer antes face a face, e que agora estão mais livres para falar. Se por um lado isso é bom porque as pessoas podem se manifestar mais livremente, por um outro lado, esse espaço criado pela internet, pelas redes sociais, tornou as pessoas mais agressivas, mais radicais nas suas posições.  

Coisas que estavam no inconsciente das pessoas e que elas deixavam lá quietinhas, agora elas estão deixando os bichos ficarem mais soltos. De alguma forma, tem alguma coisa acontecendo que traz uma belicosidade nas colocações como se a gente voltasse um pouco para a idade da pedra. Eu sinto que tem um certo ambiente – que é esse ambiente virtual – que faz com que as pessoas peguem em armas e tratem as questões de forma muito agressiva.  

Eu acho que essa possibilidade acabou gerando um acirramento de posições e uma polarização em todos os setores, em todas as questões, que está muito complicado. Tem uma determinação de impor a sua posição em toda e qualquer circunstância, a qualquer custo, diminuindo o espaço de reflexão.  

Isso é uma coisa brasileira ou mundial?  
Mundial.  

Qual seria o acento brasileiro?  
Eu acho que no Brasil temos essa crise política absolutamente acirrada, onde, supostamente, o brasileiro acordou para uma questão que é a questão da corrupção; mas, ao mesmo tempo eu digo supostamente, porque ficou uma ideia de que esse mal feito brasileiro só acontece e está centrado nos políticos e nas instituições, o que não é verdadeiro.  

Existe uma institucionalização da corrupção no Brasil. Quando eu pago o guarda pra não me multar – isso é uma prática ancestral aqui; ou quando vou procurar um despachante pra pagar e não perder a carta, porque eu tive pontos na carteira. Eu acho muito interessante isso, você está conversando com uma pessoa e ela está acabando com todos os políticos e, de repente ela vira e fala assim: “alguém sabe de alguém que consiga livrar as minhas multas, porque eu vou perder a carteira?”. Ou uma outra situação, de uma amiga que é criminalista e foi a uma médica dermatologista; e a médica, quando perguntou pra ela o que ela fazia – ela falou que era advogada criminal-, e a médica respondeu: “você tem coragem de defender bandidos? Você tem coragem de defender corruptos?”. E quando ela foi pagar a conta no final, a secretária perguntou: “você quer com nota ou sem nota? Sem nota é mais barato”. Sonegação pode? Ela não é bandida, e ela sonega e isto é crime.  

Veja como a gente tem uma irreflexão sobre essas questões, e como a gente está num nível raso de repensar qual é o papel da sociedade brasileira nesse contexto todo de mudança. Quando a gente fala de uma mudança, a gente tem que falar de uma mudança muito profunda.  

A polarização fica num nível tão raso de discussão: bons e maus, maniqueísta. “Eu sou bom, você é mau”. Eu sempre falo para os meus alunos dessa divisão de “nós” e “eles” – como se o Congresso Nacional fossem “eles”. Quem é o Congresso Nacional se não nós mesmos? Nós mesmos que somos cidadãos brasileiros, nós mesmos que elegemos. Eles só estão lá porque, nós, sociedade brasileira, que colocamos. Quer dizer, não existe “nós” e “eles”. Existem eles que são retrato do que somos nós.  

É preciso que o Brasil saia dessa discussão rasa de políticos corruptos e repense toda uma forma de comportamento. 

De ética pessoal.  

Como você permite que seu filho, que tem 17 anos, faça uma identidade falsa pra entrar numa festa para maiores de idade? E essa é uma prática comum, as pessoas permitem isso.  “Ah, mas ele está fazendo com uma pessoa que faz direitinho”. Quem faz direitinho é porque é do Poupa Tempo. Então você está permitindo que seu filho corrompa um funcionário público. Isto não é corrupção? A gente é muito desconectado do discurso com a prática.  

Você acha que falta consciência ética e social no dia a dia do brasileiro?  
Não podemos generalizar, tem gente muito boa. Mas acho que existe uma cultura permissiva no Brasil em todos os aspectos e setores.  

Aqui, as pessoas fecham os olhos para o que consideram menos grave. Não importa se a legislação diz que é crime. Cada um faz seu próprio julgamento.  

Na consciência do brasileiro o não cumprimento da lei é porque essa lei não é boa, essa regra não é boa. Ou é difícil e não vou conseguir cumprir, e eu me permito descumprir.  

Como reage aos escândalos de corrupção que a gente ouve?  
Conheço o pai que tenho e sei os limites éticos dele.  

No seu governo?  
A corrupção é uma coisa endêmica, um problema sério em todos os níveis. É preciso repensar posturas individuais e cotidianas. Falamos muito das grandes corrupções, mas na hora de deixar o carro na vaga reservada a pessoas com deficiência, partimos para o discurso de que “é só um minutinho”. A sociedade precisa ser mais educada.  

Em termos de pensamento político, a sua construção vai por onde?  
Eu tenho uma formação humanista que vem de casa, tanto do lado paterno como materno. Minha mãe, que foi sempre alguém que procurou ajudar as pessoas e me ensinou que era importante cuidar das pessoas que estão à nossa volta. E o meu pai, porque tem essa formação, não só jurídica, mas de família muito rígida, uma moral muito rígida. De família árabe muito grande, muito unida, que teve sempre esse discurso bastante rígido do ponto de vista moral.  Nós crescemos com esses dois lados – a minha mãe, Maria Célia, sempre pelo lado da caridade. Ela é a pessoa mais generosa que eu conheci na minha vida. E a formação mais estruturada do ponto de vista da consciência social, vem do meu pai.  

Nós íamos daqui até Tietê – onde ficava a chácara da nossa família, e íamos todo fim de semana ficar com a minha avó –, ouvindo meu pai declamar ‘Navio Negreiro’ (Castro Alves) inteirinho. Uma coisa super tocante. Eu era pequena, não tinha nem a dimensão do que era aquilo, e a gente adorava. E também ‘O Operário em Construção’, do Vinícius (de Moraes): “O Operário disse: Não! subiu ao alto da construção…” Era uma coisa pra nós muito forte. Essa coisa da consciência social, da desigualdade social.  

São duas influências diferentes, a influência da minha mãe não tem nenhuma consciência social, mas sim uma consciência cristã. E o meu pai, uma consciência social.  

Eu estudava aqui no (Colégio) Sion. Na época, antes da abertura política, havia as eleições pra deputado e tinha a Arena e o MDB. E eu me lembro que no Sion eu era a única que era MDB. Porque os pais da escola tradicional do Sion eram Arena. E eu lembro que era uma coisa difícil até eu entender o por que, só o meu pai era MDB.  

Então, acho que a nossa formação, tanto minha quanto das minhas irmãs vem desse misto, de uma mãe muito extrovertida e um pai muito reservado, muito formal.  

Formal até com os filhos?  
Não diria com os filhos. Mas, por exemplo, a gente tinha uma regra em casa que era interessante. A gente estava conversando, mas se entrássemos em um elevador, e entrava mais alguém, todo mundo parava de conversar. Porque ele achava que em elevador não se conversava com outras pessoas. Essa coisa da reserva, ele dizia: “fale muito das coisas, pouco das pessoas e nada de você”.  

Mas o que seria um discurso rígido do ponto moral?  
Eu não diria que meu pai é um julgador. Todo mundo teve liberdade e respeito pelas escolhas. Ele é mais antigo sob certos aspectos. Mais contido. Tem uma coisa super de reserva. Não sei se moralmente é muito rígido. Com a gente não era rígido. Talvez na fala, mas não na atitude de controle. As regras morais são da geração dele. Mas nunca severo, austero, do tipo “não vai sair pra namorar”. Mais ligado a preservar intimidade. Palavrão por exemplo, pra ele é inadmissível. “Que saco” é palavrão. Você não ouve ele falando palavrão.   

E a mesóclise?  
Ele cresceu aprendendo isso em português. Ele estudou em escola pública em Tietê, e a mesóclise era uma coisa que era praticada. E ele sempre escreveu muito bem, sempre foi estudioso de português e nunca se desfez desse hábito.  

Ele é uma pessoa de valores tradicionais, não é?  

Bastante. E isto é da família árabe. Ele tem uma coisa da família muito forte. Reverência ao pai, mãe, e ao mesmo tempo essa união da família.  

E a passagem como delegada, por que foi importante?  
Porque eu descobri que existe um mundo fora do mundo que eu conhecia. Uma coisa é você ler jornal – porque o jornal é escrito por um jornalista que também pega o seu mundo e traduz a notícia com a visão dele. E, quando eu fui da Delegacia de Polícia de Defesa da Mulher, em Osasco, e fui conhecer a realidade sem o filtro do jornalista que te passa a notícia, eu comecei a enxergar uma realidade que eu não conhecia, que me trouxe questionamentos sobre as convicções que eu tinha a respeito das relações familiares. Eu vivi num mundo em que família é essa estrutura que te protege, pai é essa figura que te protege; e você começa a entender que essa é uma cultura construída, que existem outras relações que acontecem que não estão na sua esfera de compreensão.  

E aí você começa a ser mais flexível nos seus julgamentos. Porque você tem o seu conceito do que é certo e errado, mas quando olha algumas situações, passa a julgar com menos rigor, começa a compreender que suas convicções são fruto de uma construção cultural, e que existem outras culturas onde outras pessoas estão inseridas.  

Você pode me dar um exemplo?  
Você pode encarcerar todo mundo, isto é um caminho. Ou você pode tentar trazer uma consciência de que isso é errado. 

Quando eu pego um pai que tem a primeira relação com a filha porque acha que isso é normal, você vai tratá-lo como o criminoso que ele é pela nossa legislação. Mas você precisa entender a lógica dele pra transformar essa lógica, porque ele acha um grande absurdo que ele esteja sendo preso por causa disso.  

Se você não admitir que ele pensa diferente de você e tentar transformar por outros caminhos, vamos ficar sempre no processo punitivo.  

Como você se define, ideologicamente falando?  
Eu acho que sou uma pessoa que busca uma maior justiça social de forma ampla, não só do ponto de vista econômico e financeiro.  

Quando você faz um trabalho, como a gente fez na Cracolândia, no De Braços Abertos (gestão Fernando Haddad); isso é justiça social. Não tem a ver com dinheiro, tem a ver com resgate de pessoas.  

Eu me definiria como uma pessoa muito sem preconceitos e que, em tese, acredita no ser humano. Às vezes eu fico meio decepcionada, às vezes meio frustrada, mas eu acredito no ser humano, acho que ele é sempre resgatável.  

Você ter trabalhado com o Haddad é uma coisa curiosa…  
O Haddad é um militante petista, mas ele é um professor universitário, assim como eu sou uma professora universitária. Ele é um sujeito que foi se aprimorando intelectualmente, assim como eu busquei me aprimorar intelectualmente ao longo dos anos.  

Eu fui trabalhar com uma pessoa que fez um caminho de busca, de consciência social, assim como eu fui buscando meu caminho. Então não acho tão estranho que eu tenha ido trabalhar com o Haddad.  

Nesse tempo de polarização, as pessoas tendem muito a associar o seu sobrenome a uma pauta que exclui o direito das mulheres, que torce o nariz ao direito sobre o próprio corpo…  
Eu tenho duas irmãs, que são psicólogas. Nós somos três mulheres independentes, que trabalham, que a vida inteira ganharam o seu dinheiro e se sustentaram, e eu escutei do meu pai a vida inteira a seguinte instrução: “você tem que trabalhar e ganhar o seu dinheiro, porque a independência só existe quando você se sustenta. Você só é uma pessoa livre e independente quando paga as suas contas”.  

Aí eu me pergunto, onde está o machista dessa brincadeira do ‘recatada e do lar’? Porque a Marcela tem um outro perfil. É uma grande companheira dele, mesmo, de mais de doze anos, e que tem outro perfil, e que eu respeito perfeitamente. Agora, isso nunca foi imposto, nunca foi uma questão.  Aliás, eu acho que um dos problemas que hoje nós temos é não respeitar as escolhas dos outros, ainda que seja ser princesa. Se quiser ser princesa, deixa ser princesa. Hoje tem um patrulhamento ideológico; e se a mulher não quiser trabalhar e ficar em casa cuidando dos filhos, qual é o problema?  

Não é a minha escolha, eu não defendo que seja a cultura imposta, eu defendo a igualdade; mas, se a pessoa quiser… se o homem quiser ficar em casa cuidando dos filhos, qual o problema? Porque esse homem também é criticado. Eu sou contra todo e qualquer patrulhamento ideológico, e se todo mundo respeitasse o que cada um acha que é bom pra si, já seria uma grande evolução da humanidade. Isso é uma coisa que sempre foi valorizada na minha casa, sempre tivemos a liberdade de fazer as nossas escolhas.  

Política te interessa?  
A grande política me interessa, política partidária não me interessa pessoalmente, não tenho vocação. Eu me filiei ao MDB para assumir a secretaria de assistência com o Haddad.  

Meu envolvimento de política partidária foi só durante a campanha do Chalita, porque tenho uma relação de irmã com ele. Ele disse que precisava de mim e então eu integrei o núcleo da campanha. Quando ele não foi pra o segundo turno, eu me retirei. Então o Haddad foi eleito e aconteceu de eu virar Secretária de Assistência Social.  

E eu tenho muito orgulho disso. Deixamos uma marca importante na secretaria. Tivemos um papel importante na construção do De Braços Abertos, na condução do programa e na inserção de mais de 500 mil famílias no Bolsa Família.  

Fizemos abrigos para famílias em altíssima vulnerabilidade – pessoas que estão na segunda, terceira geração de rua; um hotel pra 150 pessoas que tinham ido pra rua há pouco tempo – gente que perdeu a casa, estava com as coisas na rua, tem alguma renda. Fizemos um abrigo pra travestis e transexuais. E fizemos uma categoria de abrigo para os imigrantes.  

Nessa virada de gestão você ficou chateada de ver as coisas mudando?  
Algumas coisas mudaram bastante, especialmente o De Braços Abertos.  

Quando você está na gestão pública, não pode ter apego ao que você faz. Nós mudamos o paradigma em São Paulo para essa questão. Tanto é que um programa para 500 pessoas – dentro da dimensão de 2 milhões de habitante da cidade – virou pauta de eleição. O Doria foi eleito com a plataforma de destruir o programa, e ele cumpriu.  

Você gostou de trabalhar com o Alckmin?  
Eu o respeito muito. É um sujeito muito sério, muito íntegro. Essa é minha experiência pessoal com ele.  

Se você perguntar com quem eu tenho mais afinidade de trabalho, de pensamento, eu tenho muito mais afinidade com o Haddad. Eu tive muito mais liberdade de atuação. Não porque o Alckmin restringisse a minha liberdade de atuação, não é isso; mas eu tive muito mais afinidade, pude avançar mais no que acreditava com o Haddad.  

Qual seria sua visão crítica sobre direito constitucional no Brasil?  
Eu dou aula há 26 anos. Quando eu comecei, gostava de dizer aos meus alunos que nós estamos numa democracia, mas nós não somos uma democracia.  

Quando você sai do formal do que diz a constituição e entra na realidade das coisas, você vê uma distorção muito grande. Quando faz um estudo sobre os momentos de autoritarismo e democracia no Brasil, claramente se identifica que nós temos muitos mais anos de sistemas autoritários do que de sistemas democráticos.  

Hoje, estou muito confiante na nossa democracia. Porque eu acho que passamos por muitas turbulências nesses anos todos e nós estamos num sistema de respeito às instituições.  

Eu sou favorável, eu gosto do que o Supremo tem decidido em vários setores. Quando você pega a decisão sobre o aborto de fetos anencéfalos, sobre casamentos homoafetivos; eu adoro essas decisões do Supremo, mas quando olho criticamente, eu falo que o Supremo está decidindo em esferas que não são dele. São decisões que deveriam ser tomadas pelos representantes eleitos pela sociedade, e não por doze pessoas que não foram eleitas pela sociedade.  

Mas, a verdade é a seguinte, se eu fizer hoje um plebiscito perguntando certas coisas, a resposta que eu vou ter da sociedade é a que eu quero ouvir? Talvez não.  

Na sua família o pensamento é homogêneo?  
Não. Muito chato pensamento homogêneo. Com quem você vai discutir no almoço?  

A gente tem bons debates, mas temos uma afinidade num pensamento mais liberal. Lógico, sobre determinados assuntos eu não penso como o meu pai que é de outra geração, suas posições não são as mesmas e temos bons debates sobre essas questões. A questão de gênero, a questão de política de drogas, a gente tem posições que são diferentes. A parte boa é que existe um respeito sobre as opiniões diversas e um debate que é produtivo.  

Por exemplo, outro dia a gente teve um debate bem interessante – eu tomando uma posição, e meu pai e minha irmã outra; que era a priorização de investimentos na educação ou na saúde. Eles estavam defendendo a priorização na saúde, e eu argumentando porque eu entendia que a maior parte dos investimentos tinha que ser na educação.  

Em gênero e drogas vocês discordam?  
Na verdade, ele pensa uma política de enfrentamento da droga mais conservadora. Quando aparece um ministro como o Osmar Terra falando em internação e abstinência total, de certa forma ele endossa. É uma linha mais tradicional.  

Quanto a gênero, meu pai é uma pessoa que prega uma relação de igualdade. Nunca pregou desigualdade. Mas ele parte de um discurso de que basta a defesa da igualdade, não precisa cotas nem distinções. Nesse ponto acho que a gente tem alguma divergência.  

Como você se sentiu quando ele apresentou uma equipe ministerial composta apenas por homens?  
É uma questão um pouco de um homem mais velho que teve um convívio mais fácil a vida inteira com homens. Ele tem mais referências de homens que mulheres. Eu se fosse montar uma equipe, talvez montasse uma equipe mais feminina.  

Mas veja, Haddad, que é super moderno, tinha 3 mulheres em 27 secretarias…  

Não acho enfim que ele não tenha chamado mulheres por exclusão. Não houve pré-disposição em não chamar. Por outro lado, não houve pré-disposição em buscar um nome. Parece bobo mas isso faz diferença.  

Lembrando que partiu dele a primeira indicação de uma mulher para ocupar o cargo de procuradora do Estado, Norma Kyriakos, durante o governo Montoro.  

Acho que não lhe chegaram nomes fáceis de mulher para nomear ministras. Porque eles não chegam. Depois ele trouxe a Raquel Dodge (Procuradora Geral da República), a Flávia Piovesan (Secretaria de Direitos Humanos).  

Como você definiria a sua mãe e o seu pai?  
Eu não sei como eles casaram, pra começar! Porque são seres completamente diferentes. Minha mãe é uma pessoa que é um polo de atração, essa pessoa super generosa, super extrovertida. E meu pai é essa pessoa muito consistente, do ponto de vista intelectual, de formação; uma pessoa reservadíssima, de poucos amigos. Ele circula num universo enorme, mas amigos do meu pai eu conto nos dedos os que eu conheci na vida. Minha mãe é amiga do mundo. 

Como você atravessou esse período de turbulências políticas?  
Com muita dificuldade, não foi fácil. Ao mesmo tempo eu tive um respaldo importante dos dois envolvidos. Por um lado, eu tinha o meu pai, que estava passando por todo esse processo do impeachment e tudo mais. E havia uma cobrança que ele sofria, de “o quê sua filha está fazendo na gestão do Haddad?” E o meu pai bancou: “minha filha é uma ótima gestora, ela vai estar onde quiser”. Por um outro lado, o Haddad sofria a mesma cobrança. E a resposta do Haddad era: “ela é uma ótima gestora, e vai concluir a gestão”. Eu tive apoio dos dois.  

Conte um pouco sobre o trabalho do Instituto Liberta.  
Estamos na estrada há um ano e cuidamos de uma temática exclusiva, que é a exploração sexual de crianças e adolescentes no Brasil.  

O Brasil é o segundo país com maior índice de exploração sexual infantil e o quarto país no índice de casamentos infantis. A estimativa é de mais ou menos 500 mil meninas e meninos explorados anualmente, e a maioria têm entre 7 e 14 anos. São dados muito tristes.    



Tem casos de 7, 8 anos? Existe isso?  
Sim. Temos referências, como um livro da Eliane Trindade (“As meninas da esquina”), que conta quando as meninas começam a se prostituir. Há também a CPI da exploração sexual, com depoimentos do país inteiro de meninas muito novas que contaram os seus casos às deputadas. Vem daí os dados da nossa campanha.  

Vou te contar outro dado significativo. Quando você olha a questão da natalidade no Brasil, nosso país vem conseguindo diminuir esses índices, o que é uma grande vitória. Mas, quando você pega o recorte de meninas de 10 a 14 anos, você vê que esse índice não cai. Pelo contrário, ele tem uma leve subida. Tem alguma coisa errada nesse processo.  

Onde são os maiores focos?  
Olha, na verdade é difícil dizer onde estão os maiores focos, porque nosso instrumento de dados é o ‘disque 100’, que é o canal de denúncia do Governo Federal. Lá, umas das maiores regiões de denúncias é a Sudeste, mas isso não traduz que há mais exploração, e sim que há mais consciência.  Então, é difícil dizer exatamente onde tem. O que posso afirmar com segurança é que em todas as regiões do Brasil você tem características diferentes, especificidades regionais. Mas, há no Brasil inteiro situações diversas de exploração sexual de meninas e meninos.  

Em São Paulo temos dois polos importantes, que são o CEAGESP e o Terminal de Cargas da Fernão Dias. São conhecidos, um polo sabido pela mídia, pelo Ministério Público; não significa que tenha só esses.   

O que o instituto está fazendo efetivamente?  

A missão do instituto é de comunicação e conscientização. A gente não trabalha diretamente com os meninos e meninas explorados. Trabalhamos com campanhas nacionais e regionais que falam sobre o assunto. Costumo dizer que a grande missão do instituto hoje é fazer o Brasil falar sobre esse assunto. Enquanto não se fala, não é um problema; e se não é um problema, não se busca solução.  

Vamos falar da prostituição infantil e deixar o país constrangido com o número de crianças exploradas sexualmente, e que isso diz respeito a todos nós, não só pela questão moral, de dignidade humana, mas como custo social da gente fechar os olhos para isso.   

Você está otimista com 2018? O que espera para esse ano?  
Acho que ninguém sabe exatamente quais os rumos do mundo pra 2018. Eu sou uma pessoa otimista por natureza. Quando estou muito triste e desacreditada no mundo, penso na Idade Média, em “Os Miseráveis”, nessas coisas, e falo: olha, a gente andou. Andamos. Não todo mundo junto, não tudo igual, mas andamos.  

Quando aconteceram essas crises agudas envolvendo o seu pai, você conseguiu separar as coisas, ficar tranquila?  
Não. É muito triste, muito difícil você ver o nome do seu pai, que é uma pessoa que você conhece há 50 anos, jogado na lama.  

Quando saiu na Globo aquela primeira chamada dizendo que havia um áudio no qual meu pai dizia pra o Joesley para subornar o Cunha pra ficar calado, eu estava na rua, ouvindo o rádio. E aí eu cheguei em casa, meus filhos estavam em casa, não tinham ouvido a notícia; liguei no Jornal Nacional, e aí o meu filho virou pra mim e falou assim: “O que é isso? Você acredita? O que está acontecendo?”.  

Eu falei: “olha, meninos, eu não ouvi esse áudio, ninguém ouviu esse áudio. Mas, eu vou dizer pra vocês, eu corto os meus dois braços se o seu avô falou uma coisa dessas. Eu conheço o seu avô há 50 anos, ele jamais, em tempo algum falaria uma frase dessas.”  

Essa frase não sairia da boca dele. Porque ele é essa pessoa que eu descrevi, uma pessoa contida, reservada. Ele jamais se exporia dessa forma para ninguém.  

E, afinal, quando saiu o áudio essa frase não existia. A frase que aparece no áudio é: “Estou mantendo uma boa relação”. “Ah, você deve mesmo fazer isso”. Isto é meu pai. Ele está falando com você aqui, e às vezes ele está na lua e balançando a cabeça.  

Então, é lógico que foi muito triste, muito difícil pra todos nós. Eu sei o pai que eu tenho, eu sei o pai que me criou. E acabou.

Crise: Edmilson Rodrigues perde seu braço esquerdo no PSOL

Luiz Araújo deixou o PT para fundar o PSOL, onde viveu até então organizando a corrente interna "Primavera Socialista" e supostame...